Um dia, esperava um amigo em frente ao prédio dele quando um policial o abordou com a arma apontada para sua cabeça. A negra tem o cabelo crespo solto, estilo black power. A branca repara, acha curioso e pede para tocar nas madeixas. A alguns metros dali, um negro vestindo uma blusa com capuz caminha pela avenida ao som do rapper Emicida.
O EXPERIMENTO CLARK - O teste que acabou com a segregação racial nos EUA
Restante tortuoso ainda quando o destino ambicionado é o altar. Para ser escolhida, ela deveria ter alguma vantagem. A possibilidade de encontrar um companheiro ou um parceiro é menor para ela, afirma. Desses, apenas eram formados por homem e mulher negros. No Brasil, a negra é a minoria nos espaços culturalmente reservados para quem tem pele clara. Dos 18 casamentos civis que Claudete presenciou ao longo da pesquisa, apenas três uniram pares de negros. Uma dificuldade de encontrar um companheiro de mesma cor foi confirmada por todas as 11 mulheres negras que a pesquisadora ouviu na estação. Quando engravidavam, eles dificilmente assumiam o filho.
A cor da relação
Gisberta idade uma delas. Idade nesse edifício que Gisberta, mulher trans, imigrante brasileira, trabalhadora sexual e pessoa que vivia com VIH, tinha encontrado um sítio para viver. Dentro do edifício construiu uma tenda, com as suas coisas. O contacto perdeu-se durante algum tempo. A partir daí, os três menores começaram a portar refeição a Gisberta. Aquele prédio tornou-se ponto de reunião para agredir a imigrante brasileira. Nem todos a agrediram, nem todos o fizeram no próprio dia.